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Post Info TOPIC: O ar que nos falta


Grandioso e Omnipotente Administrador

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O ar que nos falta
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Li atentamente o artigo de Bernardino Guimarães, ambientalista, intitulado “O ar que nos falta” e editado hoje no Jornal de Notícias.
É um artigo a ler, uma opinião escrita por quem não se compadece com politiqueiras demonstrações de afectos ambientais e que põe a nu aquilo em que está a transformar-se rapidamente a cidade do Porto sem que ninguém ponha cobro às manifestas incompetências dos aparelhos governativos.
Mas tudo isto seria já visto e digerido por quem esteja minimamente atento aos alertas que por aí vão circulando e eu próprio li o artigo com os olhos de quem leu tudo aquilo milhares de vezes – sem que consideremos esta uma situação de menosprezo; há coisas que ditas milhares de vezes até à exaustão, ainda assim não entram nas mentes mais empedernidas pelo que mais uma nunca é demais – até que, bem no final, me toca a cereja no topo do bolo.
Diz Bernardino Guimarães que “Parece fundamental, agora que felizmente o metro entrou na vida das pessoas, coordenar eficazmente todos os transportes públicos e dar coerência à rede integrada que é necessária. Alguns reparos: que é feito da Autoridade Metropolitana dos Transportes, empossada e completamente inactiva? Que justeza, em termos globais, terá a reestruturação das linhas da STCP, privando áreas inteiras de autocarros sem debate público? Porque anda a passo de caracol a devolução dos eléctricos à Cidade? São interrogações que ficam à espera de uma ano melhor. Será então possível respirarmos fundo?”

Pois então, caro Bernardino Guimarães, cá vai o que penso da matéria que me é especialmente cara.
A STCP, a par dos restantes organismos públicos e privados de transporte público de passageiros, é uma empresa destinada ao lucro. A coordenação integrada tão sonhada e necessária é uma miragem neste contexto. Para que tal pudesse existir, necessários seria, antes de mais, que todos os intervenientes no assunto, públicos e privados, estivessem de acordo e em pé de igualdade. Estamos perante um cenário que sugere que um passe intermodal possa resolver tudo, num instante, para a maioria dos passageiros. Mas não, não resolve.


O que a STCP faz actualmente traduz-se apenas num desencanto profundo de estratégias de consolidação de património, contas e activos que se traduz, invariavelmente, num imperioso e inútil downsizing que não parece ter um efeito tão positivo como o que teria o do real aproveitamento dos recursos.
A Autoridade Metropolitana dos Transportes é uma Autoridade como outra qualquer: existe para isso mesmo, para se aplicar o nome e arranjar mais uns jobs para boys que aparecem de vez em quando, por alturas de inaugurações ou de auditoria. Nada de anormal, tendo em vista o que se passa no referente à Administração da Metro. Pelo menos, não dá tanto prejuízo.
Agora… o futuro?
Bom, esse está já no museu.
Portugal aderiu ao projecto CUTE, emblemático pela adopção de tecnologia inovadora e pela experimentação dos modelos em diversas cidades europeias com diferentes ambientes em termos de clima, geografia, rede viária, etc., e deixou esse projecto acabar.
Não foi o choque tecnológico que imperou, foi o choque entre a tecnologia e a viabilidade económica.
Estamos, isso sim, à frente: temos um veículo a hidrogénio num museu. Tudo o que foi feito, a implantação de um posto abastecedor, o estudo do comportamento dos veículos, a sua contribuição para o desenvolvimento de um transporte limpo, fica assim arquivado numa qualquer prateleira bafienta como se do passado se tratasse.
É que os eléctricos, esses, andam sempre. Ligam-se à tomada e a coisa funciona.
Os Fuel Cell, esses não são assim.
Por isso, caro Bernardo Guimarães, talvez não possamos respirar fundo até que os pulmões da cidade estejam, também eles, encerrados num sarcófago hi-tech patrocinado pela cegueira e pelo autismo de quem nos governa em relação ao futuro.

Um abraço.


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Resposta de Bernardino Guimarães por e-mail:


 


Caro Amigo:


Muito lhe agradeço as referências que fez ao meu artigo no JN.


É um facto: nada nos diz que os poderes públicos tomem sequer em atenção os quezitos básicos do « desenvolvimento sustentável», com o qual no entanto enchem a boca. A qualidade do ar, os transportes, o urbanismo, o ordenamento do território, a energia, deveriam ser relacionados e vistos numa perspectiva global--mas este é um país de «especialistas» muito senhores da sua pequena coutada de saber e influência, e os poderes públicos demitem-se por vezes das funções essenciais.


Mas isso não implica o derrotismo, nem nos deve fazer desistir. É a tal coisa do optimismo da acção--apesar do pessimismo da razão.


Gostei do blogue, que não conhecia. Espero que seja possível continuarmos um «diálogo».E uma vez mais, obrigado pela atenção e pelo comentário esclarecido.


Um Bom Ano Novo de 2006!


Abraço


Bernardino Guimarães



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Por fim... fala quem tem voz e nada como pormos as nossas opiniões nas bocas do mundo...

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